quinta-feira, 28 de junho de 2007

ARTE ATUAL-Aslan Cabral







LOOP-da série pleonasmo.2007


"a assinatura em linhas, desenhos que não remetem a letras.Na fotografia do meu rosto o incomodo pelo pleonasmo...loop"

Aslan Cabral, artista pernambucano, exibiu Loop em março deste ano na A gentil Carioca.Disponivel na galeria.

BIENAL-PRAGA até 16 de setembro.



Carla Accardi uma das homenageadas da bienal.



Vanessa Beecroft(performance-foto)Marina abramovich, e Shirin Neshat são convidados especiais da terceira edição do evento.

Agora em seu terceiro ano, PRAGUEBIENNALE se re-lança uma vez mais. Através de uma exposição vasta de recentes trabalhos e antigos (da pintura e da fotografia à performance e instalação) a edição deste ano explora e localizar os aspectos os mais significativos da arte européia central. A mostra indica artistas novos e velhos,anonimos e famosos. As exhibitions especiais foram dedicados ao minimalism czech e actionism de Slovak, que, não têm sido documentados em um nível internacional. A ala "pintura expandida" (PRAGUEBIENNALE veritably ' baptised ' ou, assim que para falar,, homem do vencedor e Wilhelm Sasnal), expandiu a pintura 2, apresentará vinte artistas europeus emergentes.
Há também um foco especial ' na escola de Cluj ' em Romania, que, após Leipzig e Dresden, está provando ser um goldmine de pintores contemporaneos. entretanto, as estrelas verdadeiras de PRAGUEBIENNALE3 são certamente as culturas marginalizadas e as histórias menores de Europa central


mais info:

http://www.balkanlink.org/app/front/view_event/event_id-92/

http://www.flashartonline.com/pg_PRAGUE_BIENNALE3.htm#data

ARTE ATUAL-Nara Varela



Sem título.desenho nanquim-2005


"desenho com nanquim que faz parte de uma série de histórias não lineares e quase sem sentido".

Nara Varela estuda belas artes na UFRJ e além do desenho pinta e realiza performances junto à "brigada de incendio".

terça-feira, 26 de junho de 2007

CREAM 4? no thanks-ICE CREAM-please


Vladimir Dubosarsky e Alexander Vinogradov



AyA takano


Ice cream é a quarta edição do Cream- um livro-guia-catalogo lancado pela phaidon desde 1998. O livro mostra fragmentos das obras de 100 artistas selecionados por 10 curadores "renowed" mundo afora.

Dentre os 100 artistas os brasileiros jarbas lopes, cao guimaraes,marepe, detanico & lain, sara ramo entre outros fazem parte deste casting.
O primeiro cream foi lançado em 1998-em sua segunda edição foi intitulado FRESH CREAM, depois de CREAM 3 e agora ICE CREAM.

mais info:
http://www.phaidon.com/icecream/

domingo, 24 de junho de 2007

Arte Atual-Leon Domingos Gomes Esteves.



Totem do excesso. 2007



O artista londrinense, estudantes de artes plásticas na Faap montou este trabalho coletivamenta, estabelecendo uma rede de pessoas que deslocaram objetos pessoais para a galeria de arte casa do lago em campinas.

"o equilíbrio é uma questão intríseca do totem....
este não almeja ser o mais alto, mas sim comportar o maior numero de objetos".
Leon Domingos gomes Esteves

Galeria Santa Clara-Coimbra De 07-07-07 a 29-07-07




A exposição «Coimbra - Aix-en-Provence» na Galeria Santa Clara em Coimbra - Portugal quer promover as relações entre artistas e comunidades artísticas das duas cidades gémeas e criar oportunidades de internacionalização.

L’exposition «Coimbra - Aix-en-Provence» à la Galerie Santa Clara à Coimbra - Portugal veut promouvoir les relations entre artistes et acteurs culturels des deux villes jumelles et créer des opportunités d'internationalisation.


Festa de inauguração - sáb. 07/07/07 19h
Djs - performances - projecções
Fête d’inauguration - sam. 07/07/07 19h
Djs - performances - projections



Veja a programação e baixe o catalogo em www.identitesnouvelles.com/coimbra

Espaços Plurais-Exp. Coletiva. Campinas-SP



TOTEM-Leon Domingos Gomes Esteves.





Com curadoria da artista e professora Regina Johas, do Instituto de Artes da Unicamp, Espaços Plurais é uma exposição que reúne jovens artistas em torno de proposições instigantes no campo contemporâneo da arte. A mostra apresenta trabalhos variados, como instalações, esculturas, intervenção urbana, desenho, ação e performance.

Contextualizada dentro do Projeto de Extensão Zona de Experimentação (ZoE), sob responsabilidade da Prof. Regina Johas, esta exposição ecoa algumas questões discutidas na última Bienal de São Paulo ao apresentar a ação multiforme de artistas que buscam re-significar objetos e moradia, por um lado, e trajetos ou deslocamentos, por outro, recompondo a paisagem de nossas ações cotidianas em sua inscrição no espaço que nos circunda.

exposição até 21 de julho

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Documenta 12-Kassel, Alemanha.






A “Documenta 12” abriu as portas ao público no inicio do mês. na cidade alemã de Kassel (encerra a 23 de Setembro) assumindo-se como uma celebração artística mas também de cidadania, reconhecida pelo seu cunho inovador e vanguardista. Contando com a participação de 113 artistas e mais de 500 obras, seleccionadas pelo director Roger M. Buergel em parceria com Ruth Noack, o grande objectivo desta edição é atrair nos próximos dias cerca de 650.000 visitantes, estabelecendo um novo recorde. O grande carrosel de Andreas Siekmann, uma metáfora sobre política, globalização, repressão policial e refugiados, destaca-se na praça em frente ao Museu Fridericianum, de cujas janelas escapam bonitas ondas de aço e placas traslúcidas da brasileira Iole de Freitas. Na planta de baixo da instituição uma dezena de monitores transmitem ininterruptamente a final Itália-França do Mundial 2006, a partir de distintas perspectivas e técnicas. A instalação do checo Harun Farocki, é apontada como uma das que reunirá mais visitantes, assim como a proposta do chinês Ai Wei Wei que anunciou a presença em Kassel de 1.001 compatriotas, convertidos em “experiência artística” real e palpável - seleccionados via casting, por internet, entre milhares de candidatos. Os primeros 200 estão instalados, em jeito de alojamento de campanha, numa velha fábrica da cidade e os restantes chegarão nas próximas semanas. Paralelamente, dentro de outro pavilhão estão instaladas 1.001 cadeiras de madeira da dinastia Qing, restauradas, uma para cada um dos convidados. Enquanto os compatriotas de Ai Wei Wei se integram na paisagem urbana, aquele que se anunciava como a principal estrela do evento, o cozinheiro espanhol Ferran Adrià, será uma presença distante. O seu projecto consistiu em converter o restaurante de que é proprietário, “El Bulli”, no Pavilhão G da Documenta, a 1.500 kilómetros de distância, na localidade de Rosas (em Gerona, Espanha). Em Kassel, o único vestígio da sua participação é o nome incluído no catálogo, assim como no guia de mão, em que consta a existência de um “Pavilhão G” sediado em “Spanien”. A opção de Adrià contrasta con o intuito de Buergel de fazer da Documenta um convite à participação do grande público. A cozinha de Adrià só é praticável no “El Bulli”, pelo que se optou, em consequência a esta excepção à norma da Documenta, por concentrar em Kassel a arte mais inovadora. Desde 1955 que Kassel se converteu, em cada quatro anos, na sua primeira época, e agora em cada cinco, no centro da vanguarda artística. O primero director da mostra, Arnold Bode, elegeu esta cidade, que foi literalmente varrida (até 90% das suas casas) pelos bombardeamentos da II Guerra Mundial, e converteu-a, na época, no cenário ideal para a reabilitação de vanguarda que os nazis catalogaram de arte degenerada. Buergel quis que o evento estabelecesse um diálogo entre o moderno e o antigo. Para alguns críticos presentes em Kassel, o conjunto tem um certo ar de anos 70 ou de “dejà vu”. A saturação de mostras de arte contemporânea no Verão europeu deste ano - Kassel, Art Basel, a Bienal de Veneza e a mostra de esculturas de Münster - contribui para transmitir essa sensação, assim como a ideia de que, nesta edição, não estão presentes grandes nomes da cena artística internacional. Buergel propôs-se compensar este défice teórico com o seu conceito de passeio planetário para a arte mais inovadora e concedeu parte do protagonismo à América Latina, África e Ásia. Cada visitante terá, deste modo, a opção de descobrir por si mesmo o que essas latitudes, relativamente distantes dos grandes circuitos, têm para oferecer, afirmou.

Brasil na mostra
A brasileira Iole de Freitas está entre os artistas selecionados. Nascida em Belo Horizonte e radicada no Rio de Janeiro, ela é um dos principais nomes da arte contemporânea nacional.

Seus trabalhos se apropriam de técnicas da fotografia, do cinema, da escultura e da gravura. Atualmente, ela experimenta materiais como os tubos de metal e as placas de policarbonato.

Cerca de 8 mil metros quadrados de exposição estão distribuídos nos três locais tradicionais da mostra, mas também pela primeira vez no palácio classicista de Wilhelmshoehe e seu parque, onde um artista tailandês plantou um arrozal.

A Documenta, cuja primeira edição remonta a 1955, se celebra a cada cinco anos. Em sua décima segunda edição, o orçamento chega a 19 milhões de euros, a metade dos quais serão destinados à cidade, ao estado regional de Hesse e ao estado federal alemão.

O restante será obtido com a venda de ingressos (18 euros ou US$ 24,3 por dia de visita) e com patrocinadores. Espera-se a vinda de 650 mil visitantes.

Uma obra exposta ao ar livre e batizada de “Template”, do chinês Ai Weiwei, desmoronou após uma tempestade anteontem.

A instalação, situada sobre o jardim diante de um dos pavilhões da mostra, uma torre de 12 metros, já foi reconstruída, mas acabou se tornando umas as mais populares da exposição, graças ao acidente.

sábado, 9 de junho de 2007

Palais de Tokyo-Palais/Paris





Du minimalisme aux bikers, en passant par la noise music, la piraterie, les comic books et le tatouage, ce troisième numéro de PALAIS / est consacré à l’univers et à la figure de Steven Parrino. / From Minimalism to bikers, while also touching on noise music, piracy, comic books and tattoo art, this third issue of PALAIS / is devoted to the world and person of Steven Parrino.



O Palais de Tokyo acaba de lançar o 3° numero de sua revista PALAIS /(edição de verão). A revista é bilingue tem 96 paginas coloridas e aborda em seus artigos além do nucleo da arte européia, extremidades esportivas, musicais entre outras choses.
mais info
www.palaismagazine.com

quarta-feira, 6 de junho de 2007

UnB vai a encontro sobre performance


Gramines-Maycira Leao
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Três trabalhos que envolvem corpo e política desenvolvidos na universidade serão apresentados em reunião na Argentina
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RACHEL LIBRELON
Da Assessoria de Comunicação

A Universidade de Brasília (UnB) terá três representantes (veja lateral) no 6º Encontro Corpolíticas, que será realizado em Buenos Aires (Argentina) entre os dias 8 e 17 de junho. Considerado um dos maiores encontros de performers (artistas e estudiosos que se propõem a utilizar e fundir diversas linguagens de arte) das Américas, a reunião de 2007 tem como tema Formações de Raça, Classe e Gênero. Dos três participantes da UnB, apenas o coordenador do Laboratório Transdisciplinar de Estudos sobre a Performance (Transe) da UnB e professor do Departamento de Sociologia, João Gabriel Teixeira, já participou do encontro, em edições realizadas no México e no Peru.

Segundo ele, essa é a primeira vez que a UnB consegue levar três projetos ao Corpolíticas, no qual os performers misturam manifestações artísticas corporais com a política. O professor fará uma apresentação teórica e apresentará um DVD sobre o projeto Artificações, desenvolvido com estudantes de graduação em 2006. “É um trabalho que envolve juventude, cultura e corpo em performances”, explica Teixeira. O coordenador do Tubo de Ensaios da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA) da UnB, Magno Assis, também levará um vídeo do projeto que organiza performances na UnB. “Representarei um trabalho coletivo”, explica Assis. O projeto já teve sete espetáculos apresentados no Instituto Central de Ciências (ICC).

NA RUA - Já a mestranda do Instituto de Artes (IdA) da UnB Maycira Leão tomará a Plaza de Mayo, na capital argentina, com a performance Experimentos Gramíneos. Na apresentação, a artista se veste com uma roupa de grama artificial e transita pela paisagem verde, deita-se na grama e avança pelo asfalto. “O resultado depende da interação com o público”, explica Maycira. Além dela, apenas outros 10 grupos e artistas do Chile, Argentina, Colômbia, Estados Unidos e Bolívia, poderão usar a praça para apresentações durante o encontro. Todas estão marcadas para 14 de junho.

As demais atividades do 6º Encontro Corpolíticas – organizadas pelo Instituto de Performance Política, com sede em Nova York, e pelo Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires – serão realizadas no Centro Cultural e no Teatro Empire. No total, cerca de 400 estudiosos e artistas de toda a América estarão na Argentina para a reunião.

Hélio Oiticica -Online


Bolide Vidro 1 1963




Relevo espacial 1959



O grande Nucleo 1960




Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 26 de julho de 1937 — Rio de Janeiro, 22 de março de 1980) foi um pintor, escultor, artista plástico e performático brasileiro. É considerado um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente.

É neto de José Oiticica, anarquista, professor e filólogo brasileiro, autor do livro O anarquismo ao alcance de todos (1945).

Em 1959, fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark e Franz Weissmann.

Na década de 1960, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência". O Parangolé é uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente seus tons, cores, formas, texturas e grafismos, e os materiais com que é executado (tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) a partir dos movimentos de alguém que o vista. Por isso, é considerado uma escultura móvel.

Foi também Hélio Oiticica que fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar uma estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 1960 e 1970.

Obteve a 13ª posição na lista "O brasileiro do século", na categoria "Arquitetura e Artes Plásticas", organizada em 1999 pela revista IstoÉ, tendo recebido 22% dos votos dos especialistas que formaram o júri.

wikipedia.com.br
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"Agitação súbita ou alegria inesperada." Era o significado de parangolé na gíria dos morros cariocas nos anos 60. Era tanto o burburinho de uma roda de samba quanto o susto de uma batida policial. Mas para o artista plástico Hélio Oiticica parangolés eram capas de algodão ou náilon, com poemas em tinta sobre o tecido. Em repouso, quando estavam fechadas, lembravam "as asas murchas de um pássaro", segundo o poeta Haroldo de Campos. Bastava alguém vesti-las e abrir os braços para que se confundissem com uma "asa-delta para o êxtase", percebeu o poeta.

Hélio Oiticica (nascido a 26 de julho de 1937, no Rio de Janeiro) é fruto de um berço rebelde. O avô, José Oiticica escreveu O anarquismo ao alcance de todos. "Depressa! Escondam os livros no piano de cauda!", berrava o velho quando a polícia batia à porta. Durante o Estado Novo, volta e meia era preso na Ilha Rasa. Getúlio Vargas, que jogava golfe nas terras de uns parentes dos Oiticica no Sul, entretanto, intercedia a seu favor. A avó Sinhá sabia a hora em que o ditador regava as flores no Palácio do Catete. Ao vê-la agarrada à grade do jardim, Getúlio acudia: "Ah, já sei, Sinhá. Ele foi preso outra vez. Venha tomar um chá enquanto eu mando soltá-lo."

Audácia O pai, José Oiticica Filho, cientista (estudava insetos), pintor e fotógrafo, proibiu os filhos de cumprirem o serviço militar. "Fomos ensinados a pensar com a própria cabeça", afirmou a ISTOÉ o irmão de Hélio, César. Desde cedo foi um pintor audaz. "O quadro está saturado e empobrecido por séculos de parede", diagnosticou. Era preciso, portanto, "saltar fora da tela". Da fase inicial de guache sobre cartão, pulou para os "relevos espaciais" (placas penduradas no teto). O espectador tinha que passear pela sala para observar a obra. Espelhos, luzes e a combinação de tons claros e escuros de vermelho, amarelo e laranja davam a idéia de movimento. Núcleos eram várias chapas retangulares que pareciam "flutuar" ao redor do espectador. Aí inventou os Penetráveis - labirintos em que a pessoa interagia com a obra ao pisar em folhas secas ou na areia e molhar os pés. O mais famoso é o Tropicália, palavra que Hélio inventou e acabou batizando o movimento musical de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eram corredores escuros enredados de fios, com aroma de capim cheiroso, que davam num cubículo em que havia uma tevê ligada. Do lado de fora, plantas tropicais e araras de verdade.

O convívio com a vanguarda não o afastou da cultura popular. "Nos anos 50, pintava ao som de Ângela Maria e Cauby Peixoto." Na década de 60, frequentou o morro da Mangueira e virou passista da escola de samba, num tempo em que a classe média preferia aplaudir da arquibancada a sambar na avenida. Nos anos 70, morando em Nova York, apelou a um biscate no tráfico de drogas e se deu mal. Inadimplente junto à máfia, recebeu ultimato: "Ou paga a dívida ou é um homem morto." Os irmãos César e Cláudio o socorreram com US$ 300 por mês. Nessa altura, havia abolido a separação entre obra e casa. Costurou ninhos de fios de plástico luminosos que embrulhavam os visitantes no apartamento. De volta ao Rio, em 1978, recolhia pedaços de asfalto na rua para construir "jardins de escombros" no banheiro.

Agonia A pressão alta era mal de família e, sabendo disso, ele se limitou a sucos e soda limonada no final dos anos 70. A 14 de março de 1980, sofreu um derrame cerebral. Sozinho no apartamento, imobilizado e sem voz, mas lúcido, ouvia a campainha tocar e via os amigos passarem bilhetinhos embaixo da porta. A agonia durou quatro dias, até uma amiga pedir licença ao vizinho e entrar pela janela. Morreu a 22 de março. "Ser eleito pelos leitores de ISTOÉ um dos artistas do século indica que, afinal, o público o compreendeu", diz Luciano Figueiredo, ex-coordenador da Fundação Hélio Oiticica.

VOCÊ SABIA? Bólides eram caixas de madeira, plástico ou vidro. Dedicou uma delas a Cara de Cavalo, assaltante morto pela polícia - dentro havia fotos do amigo caído numa poça de sangue. "O crime é a busca desesperada da felicidade autêntica, em contraposição aos falsos valores sociais", escreveu.

OBRA DE ARTE:
· Núcleos (a partir de 1960)*
· Penetráveis (a partir de 1960)
· Bólides (a partir de 1963)
· Parangolés (a partir de 1964)
· Ninhos (a partir de 1970)
(*) Todas as obras estão em poder da Fundação Hélio Oiticica - RJ


terra.com.br/istoe
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Nascido e falecido no Rio de Janeiro. Estudou com Ivan Serpa após 1954, e entre esse ano e 1956 integrou o Grupo Frente, aderindo posteriormente ao Movimento Neoconcreto e tomando parte nas mostras realizadas entre 1959 e 1961 no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Integrou também a representação do Brasil na exposição internacional de arte concreta realizada em 1960 em Zurique, na Suíça, e esteve presente nas coletivas de vanguarda Opinião 65 e Opinião 66, Nova Objetividade Brasileira e Vanguarda Brasileira, realizadas entre 1965 e 1967 no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, expondo ainda na Bienal de São Paulo (1957, 1959 e 1965) e na da Bahia (1966).

Até 1959 Oiticica ainda se conservou fiel aos veículos e suportes tradicionais da pintura. Reduziam-se seus quadros de então a efeitos cromáticos e de textura obtidos unicamente com a aplicação de branco, e revelavam um ascetismo que o desenvolvimento posterior de seu trabalho iria desmistificar. Nesses primeiros quadros via-se já muito nítida a tendência do artista a superar o plano bidimensional, pela utilização da cor com evidentes intenções espaciais.

Abandonando o quadro e adotado o relevo, bem cedo incursionaria Hélio por novos domínios, criando seus núcleos e penetráveis, para chegar em seguida à arte ambiental, em que melhor daria vazas a seu temperamento lúdico e hedonista.

Surgem assim, de 1965 em diante, suas manifestações ambientais, com capas, estandartes, tendas (parangolés), uma sala de sinuca (1966), Tropicália (1967, um jardim com pássaros vivos entre plantas, lado a lado com poemas-objetos), Apocalipopótese (1968, reunindo várias manifestações de outros artistas, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro), etc.

Todas essas experiências serão objeto de importante exposição efetuada em 1969 na Whitechapel Gallery, de Londres - no seu dizer, "uma experiência ambiental (sensorial) limite".

Em setembro de 1971, de Nova York onde se fixara, o próprio Hélio Oiticica, em texto difundido na imprensa carioca, assim se expressava:

«Se há gente interessada em minha obra anterior, melhor, mas não vou expô-la ou ficar repetindo ad infinitum as mesmas coisas; não estou aqui para fazer retrospectivas, como um artista acabado; estou no início de algo maior; quem não entender que se dane; procurem-se informar melhor e respeitar idéias e trabalho feito.»

Hélio Oiticica, que em 1970 tomou parte em Nova Iorque na mostra Information, organizada pelo MOMA, recebendo nesse mesmo ano bolsa de estudo da Fundação Guggenheim, viveu nos Estados Unidos até 1978, quando regressou ao Brasil e de novo se fixou no Rio de Janeiro, iniciando então a última fase de sua breve carreira.

Em 1981, um ano apenas após sua morte, seus irmãos Cesar e Cláudio criaram o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar material e conceitualmente a obra do artista de quem a Galeria São Paulo, em 1986, levou a cabo importante exposição intitulada O q faço é Música, cujo título retoma um texto de sua autoria:

«Descobri que o que faço é MÚSICA e que MÚSICA não é "uma das artes" mas a síntese da conseqüência da descoberta do corpo.»

Nos últimos anos, em nível inclusive internacional, a importância de Hélio Oiticica como artista seminal dos novos desdobramentos da arte ocidental de fins do século e do milênio tem sido posta em destaque através de exposições itinerantes realizadas entre 1992 e 1994 em Paris, Roterdã, Barcelona, Lisboa e Mineápolis, sala especial na Bienal de São Paulo em 1994 e participação nas Bienais de 1996 e 1998 etc.

Por fim, ressalte-se a criação no Rio de Janeiro, em 1996, do Centro de Artes Hélio Oiticica.

pitoresco.com.br

Helio Oiticica na Tate Modern-Londres


Parangolé

Parangolé


Mais de 150 obras de Hélio Oiticica, entre trabalhos em papel e pinturas suspensas do teto, estão na mostra, que permanecerá aberta ao público até 23 de setembro.

Esta é a primeira grande mostra consagrada a Oiticica (1937-1980) no Reino Unido nos últimos 35 anos.

"Hélio Oiticica: The Body Of Colour" ("Hélio Oiticica: o Corpo da Cor") tem como tema a exploração das cores realizada pelo artista brasileiro antes do exílio em Londres em 1969, de onde continuou desempenhando papel decisivo no desenvolvimento da arte de vanguarda latino-americana.

"Oiticica usou a cor para estimular sensações visuais e táteis, implicando e envolvendo o público", explicou Mari Carmen Ramírez, curadora da mostra, que foi organizada em conjunto com o Museu de Belas Artes de Houston, Texas.

O artista, que morreu prematuramente, aos 42 anos, também entrou para a coleção permanente da Tate, que acaba de adquirir por um preço não divulgado sua obra mais importante "Tropicália", que inspirou e deu nome ao movimento cultural brasileiro que revolucionou a música, o cinema, o design, a moda e as artes do país nos anos 70.


http://www.tate.org.uk/modern/exhibitions/heliooiticica/

domingo, 3 de junho de 2007

“Autômatos Monocromáticos”-Paulo Nenflidio-Rio de Janeiro


Exposição individual de Paulo Nenflidio. Composta de três
objetos que são desdobramentos da idéia da caixa
de música aleatória. Todos objetos são autônomos sendo
acionados de alguma forma pelo público. Alguns objetos
são acionados pela presença, outro por toque e outro
pela inserção de uma moeda. Quando acionados produzem
som e luz de forma caótica. Em alguns existe a
intenção de produzir uma música
eletro-caótica-concreta. Em todos o acaso é o elemento
fundamental. O artista utiliza seus conhecimentos de
eletrônica, música e construção para criar objetos
que juntam universos da cultura popular, de massa e da
mágica com o da tecnolgia. Cada objeto possui uma
única cor com variações de saturação e luminosidade. A
exposição ainda conta com alguns desenhos sobre lona.





Oráculo
2007
construção em madeira monocromada, circuitoseletrônicos e equipamentos sonoros.
130x50x45cm (corpo) e 20x20x10cm (falantes)

Uma máquina que possui oito fontes sonorasindependentese espacializadas e é acionada pela inserção de uma moeda. Quando acionado, quatro vozes sintetizadas discursam sobre as ciências exatas. A voz de um homem trata de assuntos relacionados a física, uma mulher sobre matemática, uma criança sobre biologia e um robô sobre química. As vozes são combinadas caoticamente por um circuito eletrônico.



Cramunhãozinho
2007
construção em madeira mocromada, circuito eletrônico, drive de CD e ampificador
80x40x40cm

Um autômato com a forma da figura popular do capeta. Possui 7 aparelhos de cd-rom que abrem e fecham aleatoriamente e é acionado pela presença do público.
Uma série de captadores magnéticos transformam as ondas magnéticas dos circuitos dos drives de CD em som.

Arcanjo
2007
construção em madeira mocromada, circuito eletrônico, equipamentos sonoros.
80x40x40cm

Um autômato com a forma de um anjo tecnológico.Produz som quando acionado pela presença do público.




sobre Paulo Nenflidio

Video-Martin Sastre no Mamam-RECIFE


Apesar de ser mais conhecido pelos trabalhos em vídeo, o uruguaio Martin Sastre, 31, também trabalha com fotografia, escultura e desenho. Todavia, é mesmo o seu trabalho audiovisual que o tem colocado em local de destaque no circuito internacional.
Ponto recorrente na sua obra, a ironia e a ambigüidade de amor e crítica em relação à indústria cultural aparece logo no início da carreira de Sastre, quando ele integrava o coletivo de artistas denominado Movimiento Sexy. O grupo se apropriava de ícones da cultura midiática para fazer trabalhos de arte - um exemplo disto é o falso-documentário The E! True Hollywood Story, paródia do programa americano homônimo, em que Sastre é o artista-celebridade.
Como bolsista da Fundação Carolina, Sastre muda-se para Madrid em 2002 e, como projeto final dos estudos, cria a Fundação Martin Sastre Pela Arte Muito Pobre. Com o objetivo de prover meios para que outros artistas latinos, que não possuem incentivos de instituições em seus países de origem, possam realizar seus projetos, Sastre incentiva a ‘adoção’ de artistas latino-americanos.
Contrariando o caminho mais utilizado em intercâmbios – da periferia para o centro – a Fundação Martin Sastre realiza, em 2005, a primeira edição do projeto Seja um Artista Latino, que levou para Montevidéu, três estudantes alemãs da Universidade Bauhaus. Por três meses, Annemarie Thiede, Charlotte Seidel e Suusi Pietsch viveram e trabalharam na capital uruguaia com apenas US$ 100 mensais (renda de um trabalhador médio no Uruguai).
Ainda em Madrid – onde Martin mora atualmente - Sastre produz a Trilogia Iberoamericana, o ponto alto de seu trabalho, série carregada de referências do imaginário pop dos anos 1980 e 1990 e bastante crítica à dicotomia centro-periferia, seja em termos da política e economia globais ou em relação ao mundo da arte internacional, e que será mostrada em Novas Utopias. A Trilogia é composta pelos vídeos: Videoart - A Lenda Iberoamericana; Montevideo – O Lado Negro do Pop; e Bolívia 3 –Confederação Próxima.

Videoart – A Lenda Iberoamericana (13’, 2002) inicia a saga pelo controle da ficção no mundo. Cruzando referências pessoais, com ícones da cultura pop internacional, estereótipos latinos, gêneros de narrativas do audiovisual e acontecimentos políticos, Sastre problematiza uma época em que ficção e realidade já não trazem distinções.

Montevideo – O Lado Negro do Pop (13’, 2002) é o segundo capítulo da epopéia ibero-americana pela hegemonia do mundo. Uma adolescente superdotada é enviada ao Uruguai para descobrir o segredo do sucesso de Martín Sastre, empreitada que deve salvar a Europa de uma catástrofe. Por fim, o artista realiza seu sonho de Cinderela ao entrar no circuito internacional da arte.

Bolívia 3 – Confederação Próxima (12’, 2004) encerra a trilogia. Tom Cruise narra as conseqüências da vitória dos países confederados (ex-periféricos latinos) sobre o império norte-americano. O embate é simbolizado pela luta entre Martín Sastre e Matthew Barney.

Entre as diversas mostras e exposições que Sastre participou, se destacam as Bienais de Havana (2003), São Paulo (2004), Praga (2005) e Veneza (2005). Nesta última, Sastre exibiu o vídeo Diana: A Conspiração Rosa, onde alega ter descoberto que a falecida Lady Di, na verdade, está viva e habitando no subúrbio de Montevidéu.

PAUTA-Tate Modern


A gigantesca Sala das Turbinas da Tate Modern (Londres) vai acolher uma exposição intitulada “Global Cities”, que documentará os grandes desafios com que se debatem as grandes cidades como São Paulo, Xangai, Cairo, a cidade do México e a própria capital britânica. A mostra, que estará aberta de 20 de Junho a 27 de Agosto - organizada pela Tate em colaboração com a Bienal de Veneza - apresenatará obras encomendadas a artistas e arquitectos conceituados como Nigel Coats, Rem Koolhaas ou Zaha Hadid. Com a décima Bienal de Arquitectura de Veneza como ponto de partida, a exposição utilizará a capital britânica como referência e elemento de comparação com outras nove cidades: Tóquio, Istambul, Joanesburgo e Mumbai, para além das cidades já citadas. Desafios como as migrações e a mobilidade, a integração social e o crescimento sustentável, comuns às grande metrópoles do mundo, são tema da exposição que utilizará dados geográficos, bem como estatísticas socioeconómicas elaboradas pela London School of Economics. Os dados serão complementados com vídeos e fotografias que apresentarão interpretações subjectivas relativamente às condições de vida em cada uma das 10 cidades analisadas. As obras especialmente encomendadas pela Tate para a mostra respondem ao contexto concreto da capital britânica, grande centro financiero internacional e uma das cidades mais caras do planeta. Com a exposição, a Tate aborda o fenómeno actual da crescente urbanização no mundo: mais de metade da população do globo vive actualmente em áreas urbanas. Faz um século que só um em cada 10% dos habitantes do planeta residia em cidades, para o ano 2050 calcula-se que será 75% dos 8.000 milhões de humanos que viverão em áreas urbanas, muitos deles concentrados nas regiões em desenvolvimento da Ásia e África. Uma vez mais a exposição terá a particularidade de ser gratuita o que se torna possível graças ao apoio de mecenas particulares. Na semana passada, por exemplo, num concorrido evento de angariação de fundos, arrecadaram-se 1,5 milhões de dólares.

Raul Mourao em Lisboa-Critica.


Luis Inacio Guevara da silva de Raul Mourao.







O caroço com caroço

Esta poderia ser a história de um pedaço de Brasil que se soltou, içou as velas e, ao som do samba, atravessou o Atlântico e ancorou no centro de Lisboa. Na bagagem, a recentemente inaugurada Galeria 3+1 Arte Contemporânea trouxe uma programação que aposta na promoção de alguns dos mais relevantes nomes da cena artística contemporânea brasileira. Com a actual exposição, “Mecânico”, Raul Mourão, artista carioca que emergiu na década de 90, transporta-nos para a paisagem urbana e para o quotidiano citadino da grande metrópole em que se transformou a “cidade maravilhosa”.


Recorrendo a uma abordagem crítica, politizada e transgressora, o artista apoia-se num pertinente sentido de humor e perspicaz ironia para desenvolver projectos com um cunho, muitas vezes, marcadamente brasileiro sem que se possa considerar geograficamente balizado, dada a inevitabilidade e proliferação dos fenómenos inerentes à globalização. Trata-se de uma produção diversificada que abarca com coerência áreas tão diversas como a escultura, a instalação, o vídeo, o desenho, a fotografia, passando pela performance. Estão lá o futebol, o carnaval, o samba, e até mesmo o presidente Lula. Mas também a desmedida violência urbana, as constrangedoras e sintomáticas marcas da decadência da cultura de massas, a especulação imobiliária, bem como o constante clima de medo, insegurança e aprisionamento que coabita com a população.


Na mostra, cujo título alude ao facto de todos os trabalhos apresentados terem sido executados sem a intervenção directa da mão do artista, estão em exibição obras pertencentes a três séries distintas: Fitografias e Caderno de Anotações (trabalhos recentes) para além do vídeo Cão/Leão de 2002. Nas duas primeiras encontra-se presente a sua tendência plástica para a redução e padronização de carácter abstracto e geométrico (relação com a sinalética) de que resultam composições visualmente depuradas – reminiscências do construtivismo brasileiro. No vídeo, a estranheza, ironia, destabilização e perversidade associam-se ao carácter mais reinvindicativo e humorístico da sua obra.


Em Fitografias Mourão utiliza as mesmas fitas adesivas coloridas a que os comerciantes informais e ambulantes de bebidas recorrerm, no Rio de Janeiro, para decorar as suas geleiras. O resultado são estruturas de parede que remetem para a produção industrial sem revelarem o material e processo de composição. A criatividade brasileira, que se reflecte nas mais infímas soluções para tornar o quotidiano animado, surge nestas composições que também se assemelham a padrões de toalhas de praia ou a bandeiras de países imaginários.


A série Caderno de Anotações, dando continuidade à depuração estética e formal, é composta por um conjunto de 12 peças de placas de alumínio perfurado e 6 desenhos em grafite sobre papel. O seu ponto de partida são diversos desenhos que o artista regista frequentemente em blocos, encontrando inspiração na observação diária e directa de objectos que habitam o quotidiano citadino. Os mesmos são posteriormente digitalizados e manipulados aludindo à linguagem de sinalização dos painéis electrónicos.


O vídeo Cão/Leão resultou do registo ininterrupto de 12 horas na rotineira vida de um cachoro vira-lata que deambulava pelas ruas do Rio de Janeiro. Os 45 minutos apresentados, de suposta fama, são suficientes para captar a transformação do animal na caricatura de um personagem de realitiy-show, protagonista de uma novela da vida real, alheio, no entanto, a qualquer estratégia de manipulação. A cultura de massas e o facilitismo do estrelato resultante da divulgação nos media inverte a tendência do cão para seguir o homem e transforma o seu melhor amigo num concorrente quase à sua altura.


Com um percurso artístico que conheceu o ano passado o auge da visibilidade pública com o projecto Luladepelúcia - sátira e caricatura do presidente Lula personificado em bonecos de peluche - Mourão continua a cimentar um percurso que, com ironia, alerta para o facto da necessidade de ver para além das aparências, de desconfiar do imediato, de procurar o caroço no próprio caroço das mais suculentas frutas dos trópicos, de descobrir afinal o que é que a baiana tem através de um processo em que as expectativas do espectador saem burladas.

Cristina Campos.