quinta-feira, 15 de abril de 2010

"'Pixo' questiona limites que separam arte e política", diz curador da Bienal de SP por Fernanda Mena, Folha de S. Paulo



Matéria de Fernanda Mena originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 15 de abril de 2010.

Acusados de vandalismo e terrorismo, os líderes do grupo que invadiu e pichou o andar vazio da Bienal de São Paulo em 2008 vão entrar na 29ª edição, em setembro, da mostra com credencial de artista.

O que você acha dos pichadores na Bienal de SP? Vote

A participação foi confirmada à Folha pela curadoria, que descreveu os pichadores como "artistas brilhantes", apesar de "tratados como marginais".

Com isso, a Bienal entra num fogo cruzado daqueles que tomaram partido de invasores ou de invadidos, e que agora polemizam sobre a iniciativa. É demagogia? Legitima uma ação destrutiva? Coopta uma vanguarda transgressora?

Para o curador Moacir dos Anjos, a aposta não é em respostas fáceis, mas justamente na elaboração de questões.

Leia, a seguir, íntegra da entrevista concedida pelo curador-geral da mostra à Folha.

Folha - Por que incluir os pichadores da 28ª Bienal na 29ª edição do evento?

Moacir dos Anjos - Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que nosso intuito não é incluir 'os pichadores da 28ª edição'. Não se trata de um pedido de desculpas ou de um confronto com a edição anterior do evento. O que realmente queremos incluir na presente edição da Bienal é a pixação, ou simplesmente o pixo, com 'x' mesmo, grafia usada por seus praticantes para diferenciar o que fazem hoje em São Paulo das pichações político-partidárias, religiosas, musicais, ou mesmo ligadas à propaganda que há vários anos enchem os muros e paredes da cidade, a despeito do quão 'limpa' ela queira apresentar-se. E queremos incluí-lo porque achamos que o pixo borra e questiona os limites usuais que separam o que é arte e o que é política. E essa é uma questão que interessa muito ao projeto curatorial da 29ª Bienal.

Lembro que política é aqui entendida não como espaço de apaziguamento de diferenças, mas justamente o contrário. Ou seja, como o espaço formado pelos atos, gestos, falas ou movimentos que abrem fissuras nas convenções e nos consensos que organizam a vida comum. Ou seja, como bem coloca o filósofo francês Jacques Rancière, política entendida como esfera do "desentendimento".

Essa é uma questão que, evidentemente, envolve uma série de dificuldades para que essa aproximação não se dê somente na superfície e, portanto, escamoteando as diferenças existentes, situação que não interessaria nem a nós nem aos pixadores. A nossa aposta é em descobrir formas novas de tratar do assunto com integridade de ambas as partes, sem que instituição e pixadores cedam completamente ao universo da outra.

Folha - Como você avalia o episódio da invasão da 28ª Bienal por pichadores e a reação da instituição?

Dos Anjos - A invasão foi, sem dúvida, uma provocação e um protesto frente a uma situação de exclusão a que aqueles que a protagonizaram (os pixadores) são submetidos em seu dia-a-dia em várias instâncias da vida comum na cidade de São Paulo e, no caso particular, do meio institucional da arte. Não estou com isso dizendo que a endosso, mas que é assim que a entendo.

A resposta da instituição naquele momento foi, a meu ver, inadequada, pois reduziu o incidente, seja pelas ações que tomou seja pelas que deixou de tomar, a um caso policial. Se é verdade que houve infração de regras e de leis por parte dos pixadores, não existiu o esforço necessário, por parte de uma das maiores e mais importantes instituições culturais do país, de entender as razões do ocorrido. Acho que essa postura não faz jus ao importante protagonismo público que a Bienal pode exercer na cidade e no Brasil, gerando conhecimento novo sobre o assunto.

Folha - O convite/a participação do picho na Bienal é um atestado, portanto, de que a 28ª Bienal errou? Por quê?

Dos Anjos - Não é intenção da curadoria, em absoluto, incluir o pixo para 'reparar' um suposto erro cometido pela Bienal no passado. Como também não é intenção da curadoria 'cooptar' o pixo para evitar novos conflitos que poderiam eventualmente se repetir. Entendemos que a situação é outra, e nosso objetivo é atuar, nesse novo contexto, da forma que achamos mais coerente tanto com o projeto curatorial da mostra quanto com a visão que temos do lugar do pixo da teia cultural da cidade.

Folha - Isso não é demagogia?

Dos Anjos - Seria demagogia se estivéssemos simplesmente convidando pixadores da mesma forma que tantos outros artistas estão sendo convidados. Mas nós sabemos que essa igualdade não existe, e eles evidentemente também sabem. O que nos interessa é justamente tentar entender essas diferenças, e os limites e as possibilidades dessa aproximação. E é isso que também acho que interessa aos pixadores. Ninguém está tentando escamotear nada. Tudo está sendo feito às claras. A aposta é na explicitação de questões, não no oferecimento de respostas fáceis. E como as questões precisam ser melhor formuladas tanto por nós, pertencentes ao chamado 'campo da arte', quanto pelos pixadores, nosso empenho é demonstrar que a Bienal de São Paulo pode ser plataforma privilegiada para a formulação dessas questões. Se conseguirmos ao menos isso, acho que já teremos dado uma contribuição relevante para o início de um debate mais amplo e consequente sobre o assunto.

Folha - Como se deu a aproximação entre pichadores e a atual curadoria?

Dos Anjos - Os eventos de 2008 tiveram o mérito de fazer com que muitas pessoas e instituições se empenhassem na tentativa de entender o que estava implicado no episódio. O Ministério da Cultura, por exemplo, buscou estabelecer um diálogo com o grupo de pixadores envolvidos, empenhando-se em tentar entender as complexas razões que levaram ao surgimento dessa gigantesca cena do pixo em São Paulo. Acho que esse movimento foi importante na preparação para uma conversa menos tolhida por preconceitos mútuos entre a Bienal e os pixadores.

O anúncio de que a 29ª Bienal teria como foco a questão da relação entre arte e política foi o outro elemento-chave que levou os pixadores a fazerem o primeiro contato buscando estabelecer uma conversa, posto que entenderam que haveria ali uma possibilidade de dar visibilidade a questões que foram (e ainda são) muito mal entendidas pela maioria da população. O papel da curadoria, nesse processo, é justamente propor estratégias de inserção do pixo na exposição que, contudo, não o "domestiquem", tornando-o algo passível de fácil inserção em um mercado sedento por novidades para serem vendidas.

Folha - Como essa aproximação foi vista pela Fundação Bienal? Houve algum tipo de objeção inicial? Caso tenha havido, como foi contornada?

Dos Anjos - A direção da Fundação Bienal não interfere nas escolhas e nas estratégias da curadoria da mostra, agindo sempre de modo respeitoso e depositando confiança nos curadores convidados para a realização do evento. Nós curadores, por outro lado, temos a medida de nossa responsabilidade quando propomos questões passíveis de gerarem desconforto ou polêmica. Temos absoluta certeza, contudo, que é exatamente esse o papel de uma Bienal de arte: criar fissuras nos entendimentos estáveis do que é ou do que pode ser arte. Independentemente do foco temático da presente edição, creio que a Bienal de São Paulo tem a obrigação de, nesse sentido amplo, ser sempre política.

Folha - De que maneira os pichadores se encaixam no projeto curatorial de arte e política?

Dos Anjos - O pixo é uma manifestação visual que traz, embutida nas práticas dos pixadores e nas imagens que eles criam sobre os muros e edifícios da cidade, uma visão de mundo que simplesmente não cabe nos acordos que regem e limitam a vida comum na cidade de São Paulo. E apesar disso o pixo está aí, cobrindo toda superfície de parede disponível, forçando sua passagem em um país cujas elites ainda preferem ignorar as graves fraturas sociais que existem. Dando visibilidade a algo que de outro modo não seria visto. E falando de algo que, não fosse justamente pela grafia aparentemente cifrada que os pixadores usam, dificilmente seria dito. Nesse sentido, pixo é política. E nesse sentido, é arte também.

Folha - Picho, então, é arte?

Dos Anjos - Nesse sentido em que falei, sim. Na verdade, a questão a se fazer é outra, que poderia ser formulada nos seguintes termos: Se o pixo é exposto numa galeria ou numa Bienal, permanece sendo arte? É com essa aparente contradição que teremos que lidar na 29ª Bienal. Pois se o que faz o pixo ser arte é justamente o fato dele desconcertar nossos sentidos e nos fazer admitir, mesmo quando estamos no conforto de nossos carros ou da janela de um apartamento alto, que existem outros modos de entender e de inventar o mundo, o que acontece se o pixo é trazido para o ambiente controlado, conhecido e decodificado do chamado 'campo' da arte? Ele mantém a sua potência ou se torna mera ilustração ou lembrança de si mesma? É esse desafio que curadores e pixadores tem que enfrentar juntos, de modo que ultrapassem duas situações simétricas e igualmente indesejadas: por um lado, a simples rejeição ao que causa desconforto; por outro, o desejo de cooptar o diferente para torná-lo igual a nós mesmos.

Folha - Mas picho também não tem um aspecto de vandalismo?

Dos Anjos - De uma perspectiva meramente legalista, a resposta obviamente é sim. Porém, essa é uma maneira de ver a questão que mais esconde do que revela. Afinal, o grafite também ocupa espaços na cidade que não são propriedade dos grafiteiros, e nem por isso estes são criminalizados de modo tão inequívoco como os pixadores. Na verdade, como bem sabemos, muitos grafiteiros são hoje considerados artistas, tendo seus trabalhos expostos em museus e vendidos em galerias de arte. O que produz essa diferença de percepção? Arriscaria dizer que é a opacidade do pixo em relação à transparência do grafite. Ou seja, que é o incômodo causado por algo que não se deixa apreender por códigos conhecidos, quando comparado ao conforto sentido quando se depara com uma imagem reconhecível e produzida por uma prática autorizada, como é hoje a dos grafiteiros.

Folha - A participação reforça a passagem, cada vez mais comum, da arte de rua para as galerias? Quais os prós e contras dessa passagem?

Dos Anjos - Se o resultado da participação do pixo na Bienal de São Paulo for reforçar essa passagem "da rua para as galerias", teremos fracassado inteiramente em nosso intento. Não é isso que queremos, ainda que fazer essa travessia possa melhorar materialmente a vida dos pixadores que a façam. Mas então o que se fará não será mais pixo, mas apenas uma representação gráfica do pixo. Aqui, como em tudo na vida, é preciso fazer escolhas. E escolhas têm consequências. Por isso que não queremos impor aos pixadores formas de participação do pixo na Bienal. Queremos construir juntos essas formas de participação. Mas de antemão já sabemos, curadores e pixadores, que trazer o pixo como mera expressão gráfica que se vale de um suporte bidimensional para dentro do prédio da Bienal não interessa, não resolve coisa alguma. Esse seria o caminho mais curto para destituir o pixo de sua força transgressora e de sua originalidade. Interessa-nos mais descobrir formas de compreender e de ativar, a partir da Bienal, os significados do pixo na cidade de São Paulo. Para tanto pretendemos fazer uso de estratégias diversas de documentação (fotografias, vídeos, coleções de tags) e de discussão. Estratégias que não se confundam com o pixo propriamente dito, já que esse só existe como tal nas ruas, mas que evoquem, desde o interior do mundo da arte, o fato de que nem tudo que é arte a Bienal é capaz de abrigar ou de entender plenamente.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Obra de Alexandre Vogler impedida no MAM-SP

No começo achei pitoresco, depois, ao tomar conhecimento da recorrência desses casos no atual circuito de arte brasileiro, resolvi dividir minha preocupação. Falamos de censura ou algo parecido... Serei breve:

Em 2007 realizei, em um evento no MAC / Niteroi, o trabalho Fani Dark. Na época da mostra, a ex-Big Brother Fani posou para a Playboy e milhares de cartazes da revista foram espalhados pela cidade do Rio (a maioria em verso de bancas de jornal). Naturalmente, com o passar do tempo, boa parte dos cartazes sofriam algum tipo de intervenção (inscrição, desenhos, rasgos, perfurações, etc). A pretensão de afirmar tal prática, espontânea e anônima, como processos verdadeiramente artísticos e de natureza urbana me motivou a produzir esse trabalho: distribuí uma centena desses cartazes numa área externa do museu e, acompanhados de hidrocores, convidava os visitantes a intervir nos posters. Embora sutil, as intervenções (muitas vezes rabiscos apressados que combinam humor e preconceito) revelam a concepção de moral, as opiniões e complexos de seus autores. Ao mesmo tempo, populariza procedimentos de pintura (combinada) bastante usuais na historia da pintura recente (de Rauchemberg aos dias de hoje).

Passados três anos, fui convidado a integrar a exposição “A cidade do homem nu”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com três desses cartazes da Fani. A mostra abrirá esta quinta-feira, 15 de Abril, mas, para minha surpresa, eu e o curador da mostra fomos informados que não poderíamos “expor ou reproduzir a obra, para evitar problemas jurídicos relativos ao direito de imagem da ex-BBB” - era o que me informava o departamento jurídico do MAM. Este, havia contactado a assessoria da ex-BBB pedindo autorização do uso de sua imagem. A autorização foi negada, pois “infelizmente ele não agrega fatores positivos a imagem da Fani”. Também entraram em contato com a revista Playboy, que afirmou que “a modelo Fani Pacheco e o fotógrafo J.R. Duran devem aprovar não só a exposição das fotos, mas também as alterações que foram feitas nelas”.

Procurei, então, a curadoria do Museu para saber se tinha conhecimento desse problema, me informando estar subjugada ao departamento jurídico da instituição. Argumentei, em vão, que se tratava de uma apropriação, processo comum na arte (já há algum tempo) e que a negativa ia de encontro a liberdade de expressão. Falei que, como aqueles três cartazes, houve centenas, milhares deles na cidade do Rio acompanhados de intervenções até mais contundentes que aquelas que seriam apresentadas. Por fim, esclareci que o trabalho expunha, na verdade, a moral daqueles que participavam com as intervenções (além da abordagem sexista com que os veículos publicitários tratam a mulher, em particular) e não a figura pública da Fani - que, particularmente, curto. Tratava-se de uma homenagem.

Lamentavelmente assisti, com clareza, a derrocada de princípios curatoriais em benefício de processos empresariais de funcionamento. Gestões de museus, cada vez mais voltada à indústria de entretenimento, imprimem o conjunto de regras e processos corporativos às entidades culturais. Condicionada a administração do capital e do lucro, fracassa a instituição na sua função de gerir subjetividades. Vale lembrar, num momento que até mesmo a Radiobrás, empresa de comunicação do Governo Federal atua sobre licença de Creative Commons, compartilhando livremente seu material e estimulando a prática de editoração, montagem e apropriação (apenas citando a fonte). Triste, mas necessário, debater isso nos dias de hoje, passados quase cem anos (na verdade 98) da criação do primeiro ready made. Aqui, pediriam licença pra fabrica da roda da bicicleta...

Alexandre Vogler

quarta-feira, 31 de março de 2010

Pernambucano que mora em Paris exibe em Fortaleza.

Performance polêmica realizada em Natal recentemente, causa ainda mais polêmica no resto do Brasil


Por William Magalhães / A CAPA ~ 19/3/2010 - 14:03

O cientista social e artista Pedro Costa, atual único membro do grupo Solange Tô Aberta!, ficou nu em frente ao público e, de quatro, tirou um terço do ânus.

A performance foi filmada e está em exibição na galeria Newton Navarro da Funcarte. O rosário também está em exposição. A mostra fica aberta a visitação até 30 de abril.
Em entrevista ao site A Capa, Pedro comenta a repercussão da performance, diz o que pensa sobre o papel da arte e ainda fala sobre o futuro do Solange Tô Aberta!.

O vídeo já está no youtube?
Não, o vídeo não está na internet e nem tenho previsão de quando estará.

De onde surgiu a ideia da performance?
A ideia surgiu a partir de um show da Solange tô aberta! que foi realizada no "Dia do Índio" em Salvador. Eu comprei uns terços e, na hora do show, tirei um do meu ânus. Só que, no calor e na vibração do show, o trabalho se confundiu com as luzes, fumaça, figurino, música etc. Então pensei conceitualmente e refiz a performance de forma pontual, com a nudez e o ato em si. Percebi que era uma ação "simples" mas poderosa.

Que tipo de reações você recebeu e está recebendo?
Hoje [quinta-feira 18/03] dei uma entrevista para a televisão. O repórter vai entrevistar, também, um líder religioso (provavelmente um padre da igreja católica) e especialistas em arte contemporânea. Sei que há riscos de fortes reações. Leio na internet algumas coisas (opiniões de pessoas que leem as matérias) mas nada com um fundamento crítico para poder dialogar. Bem, entraram no meu orkut e mandaram eu enfiar um abacaxi e depois chupar... eu pensei, pensei... mas não posso roubar a ideia das pessoas (risos). Até pensei em enfiar um ananás que é mais grosso e mais doce (risos), mas desisti.

Como seus amigos e parentes enxergaram a performance?
Os amigos acharam-na muito forte, direta e objetiva. Entenderam a ação e admiraram a coragem e a ousadia. Ficaram muito felizes e, até hoje, estão em estado de êxtase com o trabalho. Os artistas daqui, que tem uma carreira na arte contemporânea, viram que a entrada e a realização dele no salão de Natal foi de extrema importância. Apesar de muitos salões e espaços terem o nome de "contemporâneo", quando você faz uma proposição como a minha, percebe-se que, no fundo, é só o nome. E com o conhecimento, experiência e sensibilidade dos curadores convidados foi possível realizá-la e a Funcarte, aqui em Natal, não a vetou. Meus parentes inicialmente ficaram preocupados com meu ânus (risos). Mas, agora, estão preocupados com alguma reação negativa que possa me atingir diretamente.

Desculpe a pergunta incômoda, mas como você fez pra enfiar o terço no ânus?
Fiz a xuca, passei KY, e fui enfiando devagar, como bolinhas tailandesas...

Há pessoas que não entendem de arte, mas quando veem um trabalho como o seu gostam de opinar e criticar. Por que isso acontece?
Acredito que seja porque cada pessoa tem a sua leitura de mundo e muitas delas se sentem instigadas a expressá-las. Isso acontece em relação a tudo. Mas o debate conceitual sobre a obra, no meu caso, existe mais comumente no meio de artistas e curadores.

No ano passado uma escritora fez uma peça com um Jesus transexual. Mais recentemente uma exposição na Espanha foi cancela porque lançava um olhar gay sobre Jesus. Por que parece haver uma fixação da arte contemporânea com as questões ligadas a religião?
No Brasil temos o caso da Márcia X que háa alguns anos, com a sua imagem do terço em forma de pênis, foi barrada no Centro Cultural do Banco do Brasil em Brasília. Isso foi ótimo no sentido da mobilização dos artistas a favor da exposição da obra e em todas as questões que nos fizeram pensar criticamente. Qualquer religião envolve tabus, interdições, crenças fortes sobre o que se pode e o que não se pode fazer. Há valores morais envolvidos e, mais ainda, ditaduras sobre corpo, sexo, comportamento. Geralmente a instituição religiosa se torna um impasse entre o desejo das pessoas e a ética que ela aplica. Nisso, resultam conflitos, desde os internos individuais até as guerras.

Então religião também é um tema político a ser trabalhado. E arte contemporânea possui essa característica de questionar as relações de poder e da privação da liberdade de escolha. É dessa forma que eu enxergo. Necessito citar dois ótimos artistas que, assim como eu, tiveram seus trabalhos sobre sexo e religião realizados. É o caso do documentário "Bombadeira" do diretor Luis Carlos de Alencar (BA) e do trabalho de Marcelo Gandhi com velas em forma de pênis e terços, que o registro fotográfico faz parte do "Acervo em Movimento", do Museu da Pinacoteca do Estado (RN). Ambos publicados com o apoio do Ministério da Cultura e outros órgãos importantes do país.

Você é religioso?
Sim. Sou espírita umbandista. Uma religião que nasceu no Brasil, com a influência direta da força indígena e da força africana e do kardecismo, e que não trabalha com a matança de animais. E também me considero pagão. Mas nada disso me impede de fazer ou ser nada.

Pra você qual é o papel da arte? Chocar, questionar, embelezar?
Fazer pensar sobre as questões atuais. Lógico que eu sou fruto de uma época e da minha história de vida. Mas, para mim, a arte tem que causar algo no corpo de quem vê e de quem realiza e, também, levar a uma confusão mental que leva a refletir. Arte é crítica, ou seja, põe em crise. Por isso artistas podem ser tão perigosos...

E o Solange Tô Aberta? Como está a banda? No ano passado vocês fizeram uma turnê na Europa. Quais são os próximos passos da banda para 2010?
Em primeira mão, te falo que apenas eu estou na Solange Tô Aberta! atualmente. O projeto está em off, se reformulando. As mudanças, obviamente, acontecerão e tudo indica que novos integrantes estão por vir, se aceitarem o convite. Se não, será uma "one queer band" (risos). As novidades virão no segundo semestre desse ano. Te deixarei informado de tudo ;-)


(fonte A CAPA/fermentaçoesvisuais.blogspot.com)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sotaque Latino é essencial!



cuaresma

Nos reunimos en Rio de Janeiro durante la época de cuaresma para una tercera experiencia del proyecto Artistas en Latinoamérica. Interpretamos cuaresma como un estadio de reflexión, buscando cruces entre lo cotidiano y lo ritual entendiéndolo como gestos culturales y no como aspiraciones espirituales desde lo doctrinario.

La primera instancia, I love Latinoamérica ocurrió en bs as el 26 de marzo del 2010 en el espacio “this is not a gallery”, luego en octubre del mismo año se realizó la siguiente exhibición llamada Maracanazo, subte, Centro Municipal de exposiciones, Montevideo Uruguay.

Los artistas que participan de A.L.A , Artistas en Latinoamérica son: Guga Ferraz (bra), Lucila Gradin (arg), Nicolás Grum (chi), Victor Muñoz (col), Seth Wulsin (usa) y Fernanda Vilella (arg).
Artistas invitados para cuaresma: Pablo Rosales (arg), Alexandre Vogler (bra) y Ducha (bra).

cuaresma

Nos reunimos no Rio de Janeiro durante o período da quaresma para uma terceira experiência do projeto “Artistas em Latinoamérica”. Entendemos cuaresma (quaresma) como um espaço de reflexão, buscando interseções entre o cotidiano e o ritual, entendidos como gestos culturais e não como aspirações espirituais doutrinárias.

O primeiro encontro, “I Love latinoamerica”, ocorreu em Buenos Aires em 26 de março de 2009 no espçao “this is not a gallery”. Em outubro do mesmo ano aconteceu a segunda exposição, chamada “Maracanazo”, no Centro Municipal de Exposições em Motevidéu, Uruguai.

Os artistas que participam de A.L.A. – Artistas em Latinoamérica – são: Guga Ferraz (bra), Lucila Gradin (arg), Nicolás Grum (chi), Victor Muñoz (col), Seth Wulsin (usa) e Fernanda Vilella (arg). Artistas convidados para cuaresma: Pablo Rosales (arg), Alexamdre Vogler (bra) e Ducha (bra).

cuaresma
www.artistasenla.com.ar

Abertura:
día 26 de marzo de 2010 de 6pm a 10pm | dia 26 de março de 2010 das 18h às 22h

Visitación | Visitação:
de 27 de marzo a 20 de abril |de 27 de março a 20 de abril
(solamente sob marcación) | (somente sob agendamento)
entrada grátis | entrada gratuita

Artistas:
Guga Ferraz, Lucila Gradin, Nicolás Grum, Victor Muñoz, Seth Wulsin, Fernanda Vilella, Pablo Rosales, Alexamdre Vogler e Ducha.



Barracão Maravilha arte contemporânea
Av. Gomes Freire, 242 - sobrado
20231-013 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
contato@barracaomaravilha.com.br
blog.barracaomaravilha.com.br
+55 21 9128-5284

quarta-feira, 17 de março de 2010

Reabertura do MAMAM! DEMORÔA AÊ!hauhau



O Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM, em seu momento de reabertura, apresenta a exposição-processo contidonãocontido que contribui para uma reflexão crítica e propositiva acerca da Coleção Mamam.

O desafio que se apresenta com a exposição-processo contidonãocontido é um passeio pela história da arte de Pernambuco que se viabilizará a partir de determinadas ações que pedem, cada uma delas, um tempo diferenciado. Essas ações têm vários níveis de relação com o visitante e assim colocam em prática uma crítica institucional construtiva ao trabalhar coletivamente, com o público interessado em arte, a partir da Coleção MAMAM, o acervo do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães.

A exposição deseja não somente mostrar parte da Coleção (que será exibida em três diferentes recortes curatoriais pensados em conjunto com o EducAtivo MAMAM e inaugurados a cada dois meses), como também tratar o museu como um laboratório: incentivar a pesquisa sobre arte de modo geral, e a investigação sobre artistas em particular, presentes ou não na coleção atual, propiciando ao mesmo tempo uma reflexão sobre os processos de aquisição de obras com o objetivo de constituir uma coleção coerente por parte das instituições, a consequente legitimação para o artista, a configuração de uma história da arte, assim como sobre a importância da arte na sociedade.

Propomos um espaço de exposição também pensado como uma sala de estudos que será alimentada pelo público-pesquisador durante os seis meses da exposição. Buscamos criar um espaço acolhedor e ao mesmo tempo lúdico, para que o público tenha acesso a todos os arquivos, sinta-se à vontade para sentar-se, ler, pesquisar e propor complementações sobre artistas nas pastas disponibilizadas, criar novas pastas, sociabilizar a informação em grupos, relacionar poéticas, estimular o contato com a nossa história através de artistas variados, quer façam ou não parte da Coleção MAMAM, quer sejam conhecidos por parte de um público mais abrangente, ou não.

O MAMAM reabrirá com mais novidades. Além da exposição contidonãocontido, que ocupará a sala permanente para exposição do acervo, no térreo, o Museu apresenta o Foyer Aloisio Magalhães, espaço dedicado ao designer pernambucano e que, em parceria com o Centro de Design de Recife, apresentará pequenas mostras de design ao longo do ano, e o Aquário Oiticica, que, na sua inauguração, contará com uma mostra sobre a vinda de Hélio Oiticica ao Recife, em 1978, a convite do artista Paulo Bruscky.

SERVIÇO

O quê: Exposição CONTIDONÃOCONTIDO | Foyer Aloisio Magalhães | HO/REC

Abertura: 17 de março de 2010, às 19h00

Onde: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM

Endereço: Rua da Aurora, 265 - Boa Vista | Recife | PE

Telefones: (81) 3232.1694 | 3232.2188

Horário de funcionamento: terça a sábado, das 10h às 19h; domingos, das 10h às 17h.

quinta-feira, 11 de março de 2010

LATINOAMERICA-LA PLATA

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