Bolide Vidro 1 1963
Relevo espacial 1959
O grande Nucleo 1960
Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 26 de julho de 1937 — Rio de Janeiro, 22 de março de 1980) foi um pintor, escultor, artista plástico e performático brasileiro. É considerado um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente.
É neto de José Oiticica, anarquista, professor e filólogo brasileiro, autor do livro O anarquismo ao alcance de todos (1945).
Em 1959, fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark e Franz Weissmann.
Na década de 1960, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência". O Parangolé é uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente seus tons, cores, formas, texturas e grafismos, e os materiais com que é executado (tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) a partir dos movimentos de alguém que o vista. Por isso, é considerado uma escultura móvel.
Foi também Hélio Oiticica que fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar uma estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 1960 e 1970.
Obteve a 13ª posição na lista "O brasileiro do século", na categoria "Arquitetura e Artes Plásticas", organizada em 1999 pela revista IstoÉ, tendo recebido 22% dos votos dos especialistas que formaram o júri.
wikipedia.com.br
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"Agitação súbita ou alegria inesperada." Era o significado de parangolé na gíria dos morros cariocas nos anos 60. Era tanto o burburinho de uma roda de samba quanto o susto de uma batida policial. Mas para o artista plástico Hélio Oiticica parangolés eram capas de algodão ou náilon, com poemas em tinta sobre o tecido. Em repouso, quando estavam fechadas, lembravam "as asas murchas de um pássaro", segundo o poeta Haroldo de Campos. Bastava alguém vesti-las e abrir os braços para que se confundissem com uma "asa-delta para o êxtase", percebeu o poeta.
Hélio Oiticica (nascido a 26 de julho de 1937, no Rio de Janeiro) é fruto de um berço rebelde. O avô, José Oiticica escreveu O anarquismo ao alcance de todos. "Depressa! Escondam os livros no piano de cauda!", berrava o velho quando a polícia batia à porta. Durante o Estado Novo, volta e meia era preso na Ilha Rasa. Getúlio Vargas, que jogava golfe nas terras de uns parentes dos Oiticica no Sul, entretanto, intercedia a seu favor. A avó Sinhá sabia a hora em que o ditador regava as flores no Palácio do Catete. Ao vê-la agarrada à grade do jardim, Getúlio acudia: "Ah, já sei, Sinhá. Ele foi preso outra vez. Venha tomar um chá enquanto eu mando soltá-lo."
Audácia O pai, José Oiticica Filho, cientista (estudava insetos), pintor e fotógrafo, proibiu os filhos de cumprirem o serviço militar. "Fomos ensinados a pensar com a própria cabeça", afirmou a ISTOÉ o irmão de Hélio, César. Desde cedo foi um pintor audaz. "O quadro está saturado e empobrecido por séculos de parede", diagnosticou. Era preciso, portanto, "saltar fora da tela". Da fase inicial de guache sobre cartão, pulou para os "relevos espaciais" (placas penduradas no teto). O espectador tinha que passear pela sala para observar a obra. Espelhos, luzes e a combinação de tons claros e escuros de vermelho, amarelo e laranja davam a idéia de movimento. Núcleos eram várias chapas retangulares que pareciam "flutuar" ao redor do espectador. Aí inventou os Penetráveis - labirintos em que a pessoa interagia com a obra ao pisar em folhas secas ou na areia e molhar os pés. O mais famoso é o Tropicália, palavra que Hélio inventou e acabou batizando o movimento musical de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eram corredores escuros enredados de fios, com aroma de capim cheiroso, que davam num cubículo em que havia uma tevê ligada. Do lado de fora, plantas tropicais e araras de verdade.
O convívio com a vanguarda não o afastou da cultura popular. "Nos anos 50, pintava ao som de Ângela Maria e Cauby Peixoto." Na década de 60, frequentou o morro da Mangueira e virou passista da escola de samba, num tempo em que a classe média preferia aplaudir da arquibancada a sambar na avenida. Nos anos 70, morando em Nova York, apelou a um biscate no tráfico de drogas e se deu mal. Inadimplente junto à máfia, recebeu ultimato: "Ou paga a dívida ou é um homem morto." Os irmãos César e Cláudio o socorreram com US$ 300 por mês. Nessa altura, havia abolido a separação entre obra e casa. Costurou ninhos de fios de plástico luminosos que embrulhavam os visitantes no apartamento. De volta ao Rio, em 1978, recolhia pedaços de asfalto na rua para construir "jardins de escombros" no banheiro.
Agonia A pressão alta era mal de família e, sabendo disso, ele se limitou a sucos e soda limonada no final dos anos 70. A 14 de março de 1980, sofreu um derrame cerebral. Sozinho no apartamento, imobilizado e sem voz, mas lúcido, ouvia a campainha tocar e via os amigos passarem bilhetinhos embaixo da porta. A agonia durou quatro dias, até uma amiga pedir licença ao vizinho e entrar pela janela. Morreu a 22 de março. "Ser eleito pelos leitores de ISTOÉ um dos artistas do século indica que, afinal, o público o compreendeu", diz Luciano Figueiredo, ex-coordenador da Fundação Hélio Oiticica.
VOCÊ SABIA? Bólides eram caixas de madeira, plástico ou vidro. Dedicou uma delas a Cara de Cavalo, assaltante morto pela polícia - dentro havia fotos do amigo caído numa poça de sangue. "O crime é a busca desesperada da felicidade autêntica, em contraposição aos falsos valores sociais", escreveu.
OBRA DE ARTE:
· Núcleos (a partir de 1960)*
· Penetráveis (a partir de 1960)
· Bólides (a partir de 1963)
· Parangolés (a partir de 1964)
· Ninhos (a partir de 1970)
(*) Todas as obras estão em poder da Fundação Hélio Oiticica - RJ
terra.com.br/istoe
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Nascido e falecido no Rio de Janeiro. Estudou com Ivan Serpa após 1954, e entre esse ano e 1956 integrou o Grupo Frente, aderindo posteriormente ao Movimento Neoconcreto e tomando parte nas mostras realizadas entre 1959 e 1961 no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Integrou também a representação do Brasil na exposição internacional de arte concreta realizada em 1960 em Zurique, na Suíça, e esteve presente nas coletivas de vanguarda Opinião 65 e Opinião 66, Nova Objetividade Brasileira e Vanguarda Brasileira, realizadas entre 1965 e 1967 no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, expondo ainda na Bienal de São Paulo (1957, 1959 e 1965) e na da Bahia (1966).
Até 1959 Oiticica ainda se conservou fiel aos veículos e suportes tradicionais da pintura. Reduziam-se seus quadros de então a efeitos cromáticos e de textura obtidos unicamente com a aplicação de branco, e revelavam um ascetismo que o desenvolvimento posterior de seu trabalho iria desmistificar. Nesses primeiros quadros via-se já muito nítida a tendência do artista a superar o plano bidimensional, pela utilização da cor com evidentes intenções espaciais.
Abandonando o quadro e adotado o relevo, bem cedo incursionaria Hélio por novos domínios, criando seus núcleos e penetráveis, para chegar em seguida à arte ambiental, em que melhor daria vazas a seu temperamento lúdico e hedonista.
Surgem assim, de 1965 em diante, suas manifestações ambientais, com capas, estandartes, tendas (parangolés), uma sala de sinuca (1966), Tropicália (1967, um jardim com pássaros vivos entre plantas, lado a lado com poemas-objetos), Apocalipopótese (1968, reunindo várias manifestações de outros artistas, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro), etc.
Todas essas experiências serão objeto de importante exposição efetuada em 1969 na Whitechapel Gallery, de Londres - no seu dizer, "uma experiência ambiental (sensorial) limite".
Em setembro de 1971, de Nova York onde se fixara, o próprio Hélio Oiticica, em texto difundido na imprensa carioca, assim se expressava:
«Se há gente interessada em minha obra anterior, melhor, mas não vou expô-la ou ficar repetindo ad infinitum as mesmas coisas; não estou aqui para fazer retrospectivas, como um artista acabado; estou no início de algo maior; quem não entender que se dane; procurem-se informar melhor e respeitar idéias e trabalho feito.»
Hélio Oiticica, que em 1970 tomou parte em Nova Iorque na mostra Information, organizada pelo MOMA, recebendo nesse mesmo ano bolsa de estudo da Fundação Guggenheim, viveu nos Estados Unidos até 1978, quando regressou ao Brasil e de novo se fixou no Rio de Janeiro, iniciando então a última fase de sua breve carreira.
Em 1981, um ano apenas após sua morte, seus irmãos Cesar e Cláudio criaram o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar material e conceitualmente a obra do artista de quem a Galeria São Paulo, em 1986, levou a cabo importante exposição intitulada O q faço é Música, cujo título retoma um texto de sua autoria:
«Descobri que o que faço é MÚSICA e que MÚSICA não é "uma das artes" mas a síntese da conseqüência da descoberta do corpo.»
Nos últimos anos, em nível inclusive internacional, a importância de Hélio Oiticica como artista seminal dos novos desdobramentos da arte ocidental de fins do século e do milênio tem sido posta em destaque através de exposições itinerantes realizadas entre 1992 e 1994 em Paris, Roterdã, Barcelona, Lisboa e Mineápolis, sala especial na Bienal de São Paulo em 1994 e participação nas Bienais de 1996 e 1998 etc.
Por fim, ressalte-se a criação no Rio de Janeiro, em 1996, do Centro de Artes Hélio Oiticica.
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